Karen Alves, de 18 anos, doou sangue pela primeira vez durante a campanha de captação de doadores realizada pelo Hospital Ophir Loyola, nesta terça-feira (31), em parceria com a Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa). O ônibus coletor estacionado na frente do hospital foi uma motivação a mais para a realização do gesto solidário, já que a mãe da jovem começou a fazer tratamento contra o câncer do colo de útero, há três meses, e precisou receber quatro bolsas de sangue na instituição, que tem uma das demandas mais altas de transfusão no estado.
“Sempre quis doar, mas ficou bem mais difícil depois que a minha mãe ficou doente. Uma vez ela precisou fazer o tratamento, e ficou na expectativa da doação de sangue para dar seguimento à terapia”, afirmou Karen que largou o último ano do ensino médio para acompanhar a genitora.
Na rede de saúde pública estadual, em média, o Ophir Loyola precisa realizar de 900 a 1.100 transfusões mensais, devido, principalmente, à oncologia, segundo explica a especialista Polyana Pontes, que coordena a Agência Transfusional do HOL.
“Os pacientes oncológicos apresentam mais anemia, taxa baixa de plaquetas e o tratamento em si vai agravar essa situação, aumentando a demanda por transfusão de sangue e de outros hemocomponentes (hemácias, plaquetas ou plasma). A necessidade é aumentada nos enfermos hematológicos devido às anemias, às taxas de plaquetas mais graves e a algum distúrbio de coagulação do sangue”, explicou Polyana Pontes.
É a situação de Manoel Monteiro, 57 anos, morador do município de Gurupá. Ele está internado há um mês com leucemia e recebeu oito bolsas de sangue e quatro bolsas de plaquetas. “Dificilmente alguém virá da zonal rural até a cidade para fazer a doação. Não imaginava que o sangue valesse tanto. Hoje sei que é vida e um bem que precisa ser compartilhado”, disse.
Amigos de alguns parentes residentes em Belém se mobilizaram em prol do seu Manoel, mas não é a realidade da maioria do interior, que não possui amigos e nem parentes na capital, o que dificulta a reposição da metade das bolsas repassadas à Instituição pelo Hemopa. A Agência Transfusional comemora a reposição acima da meta estabelecida nos meses de agosto e setembro, por meio da mobilização ambulatorial, já que o índice não era conquistado há alguns meses.
Cerca de 50% da demanda do hospital é atendida a nível ambulatorial. Além da oncologia, há outras referências e cirurgias de grande porte que só acontecem com bolsas de sangue reserva como as cirurgias abdominais e neurocirurgias, quase todas vão precisar de reserva cirúrgica, em caso de qualquer eventualidade.
A Agência Transfusional tem como finalidade fazer a transfusão, a equipe realiza a coleta do sangue do paciente, faz os testes de compatibilidade e dispensa as bolsas para as clínicas de internação, assim como busca captar doares na tentativa de repor o estoque do hemocentro. “Aqueles que não puderam vir, podem ir à unidade do hemocentro mais próxima e informar o código 161 para direcionar a doação aos pacientes do HOL”, informou Polyana.
As campanhas externas funcionam com facilitadores na captação de doadores. Até às 14h30, 87 pessoas compareceram à programação. A assistente social Katilene Abreu, da Gerência de Captação de Doadores do Hemopa, explica que por dia o hemocentro necessita de 300 doações para atender hospitais públicos e privados da área metropolitana de Belém.
“Isso requer que estejamos em campanhas constantes. Esse é um período pré e pós-festa. Acabamos de sair do Círio de Nossa Senhora de Nazaré e estamos próximos do Natal e festas de Fim de Ano, os doadores não comparecem ao Hemopa e precisamos suprir a necessidade de transfusões”, ressaltou.
Para doar sangue, basta ter entre 16 e 69 anos de idade (menores devem estar acompanhados do responsável legal); ter mais de 50kg, estar saudável e portar documento de identificação original e com foto. Homens podem doar a cada dois meses e mulheres, a cada três meses.
Serviço – A sede do Hemopa fica na travessa Padre Eutíquio, 2.109, no bairro de Batista Campos, em Belém. O Hemopa funciona de 7h30 as 18h, nos dias úteis, e de 7h30 as 17h, aos sábados.
Por Leila Cruz – Hospital Ophir Loyola