Hospital Ophir Loyola, referência em oncologia, faz campanha para incentivar doação de sangue

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Com a maior demanda transfusional do Estado, a unidade necessita de mais de 700 transfusões mensais para atender pacientes oncológicos e com outras doenças

Um quadro de anemia severa levou a pedagoga Ana Paula Soares, 45 anos, a receber bolsa de sangue em um hospital do município de Belém. Apesar da suspeita, não foi possível fechar o diagnóstico. O quadro se agravou, e ela foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Até há pouco tempo, Ana Paula nem imaginava o quanto a doação de sangue faz a diferença para uma pessoa doente. Ao receber a confirmação de Leucemia Linfoide Aguda (LLA) no Hospital Ophir Loyola, e precisar se afastar após 22 anos das atividades relacionadas à educação infantil, sua realidade mudou.

“Fiquei cinco dias sem receber bolsa de sangue no primeiro hospital; o estoque estava baixo. A situação agravou e recebi cuidados intensivos. Tive a ideia de fazer uma campanha com minha fotografia, e postei nas redes sociais. Aquela publicação se espalhou, e eu ainda estava recebendo doações até a semana passada. Mas, somente aqui, no HOL, percebi o quanto é importante a doação de sangue. Significa vida. Só damos valor quando passamos por uma situação como essa”, contou a paciente.

A situação da pedagoga é muito comum no “Ophir Loyola” em razão da complexidade dos procedimentos cirúrgicos e do perfil assistencial da instituição, referência no tratamento de doenças hematológicas malignas e outros tipos de câncer. A unidade hospitalar possui a maior demanda transfusional do Pará, com mais de 700 transfusões mensais. A necessidade de sangue e hemocomponentes é constante para assistir pacientes internados, em tratamento quimioterápico cirúrgico ou ambulatorial.

Doação é vida – A experiência desafiadora transformou Ana Paula em defensora da causa. A campanha feita para ajudá-la acabou beneficiando outras pessoas. Depois de um mês internada na clínica de hematologia do Hospital Ophir Loyola, a alta médica ocorreu na segunda-feira (08). “Nesse período, recebi mais de 20 concentrados de plaquetas e hemácias. Contudo, ficava feliz quando informavam que tinha bolsa chegando. Doe sangue, a doação é vida. Cada gota é muito importante. É uma vida que está sendo renovada. Cheguei a ter somente 3 mil plaquetas. Mas minhas forças aumentavam a cada bolsa recebida”, contou.

O oncohematologista do HOL Thiago Carneiro esclareceu que diferentes doenças podem afetar o sangue, de forma temporária e reversível. Porém, se o paciente não conseguir produzir esse tecido conjuntivo em quantidade suficiente, uma transfusão é indicada. “Usamos o sangue de outra pessoa compatível com o tipo sanguíneo do paciente para reverter aquela condição clínica e estabilizá-lo. Isso é muito comum em grandes cirurgias e em tratamentos oncológicos”, explicou o médico.

“Um dos principais tratamentos realizados para combater cânceres hematológicos (leucemias, linfomas e mielomas múltiplos) é a quimioterapia. Entretanto, a intervenção afeta a contagem sanguínea e ocasiona a demanda por transfusão. Todos os dias precisamos de concentrados de hemácias, plaquetas ou plasma. Sem essas transfusões, os pacientes não conseguem ter sucesso em seus tratamentos e recuperar a saúde”, informou o especialista.

Parcerias para manter o estoque – Segundo o Ministério da Saúde, o ideal seria que 3% da população doasse sangue regularmente. Mas somente 2% da população paraense são voluntários. As campanhas de captação de doadores, realizadas em parceria com a Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa), buscam garantir que insumos (hemocomponentes e hemoderivados) não faltem para quem tanto necessita, ressaltou a assistente social Marcela Silva, da Gerência de Captação de Doadores (Gecad), da Fundação Hemopa.

“Em períodos como julho, muitos saem de férias e isso afeta diretamente as doações. A cada dia, o Hemopa recebe cerca de 150 requisições. Precisamos fazer um trabalho diário de mobilização de parceiros e de toda a população em prol da solidariedade. Portanto, as parcerias com os hospitais nos ajudam a abastecer o nosso estoque e dar continuidade ao atendimento dos pacientes em todo o Estado do Pará”, informou.

Laiza Carvalho doou pela primeira vez. Apesar de sempre ter vontade de doar, ela esperava um momento oportuno. O incentivo especial foi comparecer à campanha em frente ao HOL. “Minha mãe passou por cirurgia e quase veio a óbito por falta de sangue. Porém, recebeu doação a tempo e conseguiu passar pelo procedimento. Hoje, estava de passagem aqui perto, vi o ônibus e senti o desejo de doar”, contou Laiza.

A campanha em frente ao Hospital Ophir Loyola, na Avenida Magalhães Barata, prossegue até esta quarta-feira (10), das 8h às 17h, com a unidade móvel do hemocentro em frente à instituição. Os interessados podem fazer o cadastro de doadores de medula óssea, outro gesto essencial para salva vidas.

Para doar sangue é necessário:
– Apresentar um documento de identidade oficial com foto (RG, carteira nacional de habilitação – CNH, carteira de trabalho e passaporte). Alguns documentos digitais oficiais também são aceitos;
– Ter entre 16 e 69 anos (menores de 18 anos precisam estar acompanhados de responsável legal);
– Ter mais de 50 quilos;
– Estar bem alimentado (não pode estar em jejum);
– Dormir pelo menos 6 horas nas 24 horas anteriores à doação;
– Não ingerir bebida alcoólica 12h horas antes da doação;
– Manter intervalo entre doações de dois meses para homens e três meses para mulheres;
– Quem se vacinou contra a Covid-19 pode doar sangue, sendo necessário um intervalo de dois dias após cada dose para quem recebeu a vacina Coronavac, e sete dias para quem recebeu as demais vacinas.

Texto: Leila Cruz (HOL)