Fundação Hemopa promove intercâmbio na Jornada de Hematologia e Hemoterapia do Pará

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Profissionais e estudantes de vários estados e países reforçaram, pelo formato on-line, o papel da ciência no Norte do Brasil

Já consolidada como um dos principais eventos científicos da área no Brasil, a Jornada de Hematologia e Hemoterapia do Pará chegou a sua nona edição na quarta (27) e quinta-feira (28), em Belém, realizada pela Fundação Hemopa, com organização do Núcleo de Ensino e Pesquisa (Nepes), vinculado à instituição. O evento contou com mais de 2 mil inscritos, se destacando pelo formato totalmente on-line, que ampliou o alcance para profissionais e estudantes de diferentes estados e países.

A programação incluiu palestras, workshops e painéis interativos, reafirmando o papel da Fundação Hemopa como referência em ciência, inovação e educação, e fortalecendo a capacitação técnica e ampliação da troca de conhecimentos entre profissionais e estudantes.

Entre os destaques esteve a participação do professor canadense Robert Liwski, que abordou inovações na seleção de doadores de medula óssea em sua palestra “The Relevance of PRA and Flow – Crossmatching in Bone Marrow Donor Selection”. Robert Liwski, professor de Patologia na Dalhousie University e diretor de laboratórios HLA ((antígeno leucocitário humano, essencial na regulação da resposta imunológica) no Canadá, explicou técnicas avançadas, como o cross-match de fluxo substituto, utilizado para identificar epítopos HLA e anticorpos específicos em transplantes.

“Esse procedimento tem sido usado em bancos de sangue há décadas, e também no HLA, para identificar epítopos HLA ou anticorpos que se ligam a diferentes epítopos HLA. Nosso laboratório está entre os primeiros a usar isso clinicamente”, afirmou. O professor também destacou como sua equipe avalia pacientes com leucemia aguda, desde os testes de HLA até a determinação da frequência de genótipos, para facilitar a busca por doadores compatíveis.

Temática fundamental – Segundo o presidente da Fundação Hemopa, Paulo Bezerra, um dos palestrantes, o formato on-line foi uma inovação significativa para o evento. “Essa é a primeira jornada que o Hemopa realiza de forma on-line, com participação nacional e internacional. Foram mais de duas mil inscrições e mais de sete mil visualizações durante o período. Isso demonstra o impacto do evento, que abordou temas fundamentais, como hemoterapia, transplantes e gestão, além de trazer experiências de outros estados, como a presidente do Hemocentro do Amazonas (Socorro Sampaio) compartilhando a realidade da gestão na região. Estamos proporcionando uma cobertura maior de transfusões em um estado gigantesco como o Pará, e isso é um reflexo direto do nosso compromisso com a saúde da população”, ressaltou o gestor do Hemopa.

Hematologista Hatsumi Miyashiro Iwamoto Melo destacou importância da temática para outros especialistas

A médica hematologista Hatsumi Miyashiro Iwamoto Melo destacou a importância de abordar temas da hematologia para colegas de outras áreas. “Atendo aqui no ambulatório de pacientes e, nesta 9ª Jornada de Hematologia, buscamos trazer um pouco mais sobre essa especialidade, que está presente em todas as outras especialidades médicas. Em algum momento, todo profissional já precisou prescrever sangue para um paciente, atendeu alguém que teve uma reação transfusional ou que já recebeu uma transfusão, enfrentou complicações, como aloimunização, ou lidou com pacientes com coagulopatias, plaquetas baixas ou anemia, que é uma das queixas mais frequentes”, disse a especialista.

Formação profissional – A biomédica da Fundação Hemopa, Núbia Caroline Costa de Almeida, reforçou a importância da jornada na capacitação técnica e científica, ressaltando que o “Nepes tem um papel fundamental na promoção da ciência, do conhecimento e do ensino, tanto para nossos servidores quanto para o público externo. Um evento como esse é essencial para a formação de recursos humanos, além do aprimoramento técnico e científico de todos que trabalham com hematologia e hemoterapia, sejam profissionais ou estudantes. Trazemos eventos como esse para aprimorar o conhecimento em todas as áreas e escalas, promovendo avanços que impactam diretamente no atendimento à população e na formação de profissionais qualificados”.

Enfermeiro Rubenilson Caldas Valois: levar o Hemopa além dos números

O enfermeiro da Fundação Hemopa e ex-gestor do Nepes, Rubenilson Caldas Valois, disse que o evento é um marco para projeções futuras. “A equipe pensou em uma modalidade que levasse o nome da Fundação Hemopa para além dos muros, e apresentasse as informações produzidas no contexto amazônico para todo o Brasil. Este foi um ensaio para algo maior: um congresso híbrido que está sendo planejado para 2025, alinhado à COP 30 (conferência mundial sobre mudanças climáticas), com foco na hemoterapia e hematologia na Amazônia, incluindo a apresentação de trabalhos científicos. Queremos mostrar a hemoterapia e a hematologia na Amazônia como uma referência, tendo a Fundação Hemopa como carro-chefe dessa iniciativa”, avaliou.

A médica hematologista Ieda Pinto, outra palestrante, enfatizou o impacto do formato on-line e a troca de experiências. “Essa jornada já é uma expectativa para quem trabalha na área aqui no Pará, e sempre traz temas muito atuais e abrangentes. Este ano foi uma modalidade diferente, totalmente on-line, o que atinge um público muito maior. Recebemos perguntas de outros estados, o que demonstra a relevância do evento. Para as próximas edições, gostaria de sugerir um formato híbrido, que combine a interação presencial, essencial para palestrantes, com o alcance que o on-line oferece, especialmente para profissionais de hemocentros regionais e hemonúcleos, que muitas vezes não têm oportunidades de capacitação”, frisou Ieda Pinto.

Tradução da entrevista com o professor Robert Liwski: Beatriz de Nazaré – Ascom/Hemopa