Fundação Hemopa coletou mais de 93 mil bolsas de sangue no ano passado que representa um aumento de 10% nas doações

Text_2

O pequeno Kelvin Campos foi diagnosticado com Beta Talassemia maior, a forma mais grave da doença que causa anemia profunda, o que exige transfusões sanguíneas com freqüência. Pelo menos quatro vezes no mês, a avó, Ana Cleide Campos, viaja com o neto de Acará até Belém para receber o tratamento adequado na Fundação Hemopa.

“Esse menino é um milagre. A gente vem de Acará e ele tá fraco, sem querer brincar. E quando ele chega aqui e recebe o sangue, volta outra criança”, explica Ana Cleide. “Eu só tenho que agradecer a cada doador que vem deixar uma bolsa de sangue aqui no Hemopa. Não é só o Kelvin que precisa, mas muitos outros pacientes”.

Este sentimento de gratidão da Ana Cleide pode ser estendido aos 112.795 voluntários que compareceram às unidades de coleta de sangue com a intenção de contribuir com o estoque. Desses, 93.695 bolsas de sangue foram coletadas durante o ano de 2021.

Ana Cleide com o paciente Kelvin em mais um dia de transfusão para melhorar a qualidade de vida.

“A nossa missão é ajudar a salvar vidas e mesmo diante de um cenário de pandemia, nós conseguimos alcançar números animadores e satisfatórios para contribuir com a saúde pública do estado. A sociedade paraense nos mostra o quanto é solidária quando atende aos nossos chamados nos quatro cantos deste Pará. Só temos motivos para agradecer”, destacou o presidente da Fundação Hemopa, Paulo Bezerra.

Uma bolsa de sangue doada pode beneficiar até quatro pacientes. Isso significa que mais de 374 mil pessoas puderam ser assistidas a partir dos hemocomponentes em estoque no banco do Hemopa.

Se compararmos com o mesmo período do ano passado, a Fundação Hemopa superou em média 10% do total de bolsas coletadas que foi de 84.964 durante os 12 meses de 2020.

Ampliação dos serviços de hemoterapia e hematologia

A Fundação Hemopa é responsável pela coordenação da Política Estadual do Sangue, sendo constituída por um Hemocentro Coordenador (em Belém), três Hemocentros Regionais (em Castanhal, Santarém e Marabá), cinco Núcleos de Hemoterapia (em Capanema, Altamira, Tucuruí, Abaetetuba e Redenção) e 46 Agências Transfusionais, das quais quatro foram inauguradas este ano: Marabá, Santarém, Jacareacanga e Itaituba.

“As Agências Transfusionais se caracterizam como de suma importância para as regiões. Principalmente, quando falamos de municípios com acesso mais difícil, aonde se levaria muito tempo para transportar as bolsas de sangue. Com o armazenamento nas ATs, a gente consegue atender de forma imediata o paciente que precisa de uma transfusão, oferecendo assim qualidade de vida levando sangue com qualidade”, ressaltou Joaquim Azevedo, gestor do Hemocentro Regional de Santarém, que é responsável pelo atendimento transfucional de de 22 municípios do Oeste do Pará.

Sede do Hemopa revitalizada, em Belém.

Além disso, este ano a Fundação Hemopa completou 43 anos de trajetória e ganhou um presente especial do Governo do Estado que anunciou investimentos na ordem de R$ 30 milhões, que vão favorecer as áreas de Hemoterapia e Hematologia no Pará com a construção de um prédio anexo da sede do Hemocentro Coordenador, em Belém; obras de reforma e revitalização da sede do Hemopa, da Unidade de Coleta Castanheira e nas oito unidades da hemorrede estadual, além da aquisição de nova Unidade Móvel de coleta de sangue. 

São investimentos que beneficiarão diretamente pacientes que dependem de sangue para sobreviver e/ou melhorar a qualidade de vida, levando-se em consideração que a construção da duplicação prédio Hemopa na capital vai ampliar o atendimento aos voluntários da doação de sangue. Também vai garantir a ampliação da assistência de média e alta complexidade ao pacientes com patologias do sangue, onde o Hemopa é referência na saúde pública do Estado; ampliação do Parque Laboratorial para sorologia do sangue coletado no Pará.

Posse de concursados.

Servidores empossados

Este ano também foi marcado pela valorização do servidor. A Fundação Hemopa incorporou 86 novos servidores que foram aprovados no concurso C -182. Os profissionais dos níveis médio e superior estão atuando nas unidades da Fundação nos 9 municípios paraenses.

O ato reafirma o compromisso do Governo do estado em priorizar o ingresso de novos servidores por meio de concurso público.

Referência na assistência médica ambulatorial

A Fundação Hemopa realiza o atendimento ativo de mais de 15 mil pacientes hematológicos de todo o estado do Pará, ou seja, que possuem alguma doença do sangue como Hemofilia, os diversos tipos de Anemia, Aplasia Medular, Talassemia, Doença Falciforme, Púrpura, Leucemia, Doença De Von Willebland, entre outras.

As ações são geridas pela Política Nacional de Humanização, para garantir a dignidade humana e fortalecer uma política de respeito e valorização da vida dos usuários.  Por isso, o atendimento clínico e ambulatorial é feito de maneira multiprofissional. Neste ano, de janeiro a novembro, o Ambulatório realizou 12.128 consultas médicas.

“É importante ressaltarmos que todas as ações de protocolo medicamentoso, assim como também a distribuição de hemoderivados contemplou a necessidade apresentada no Estado do Pará. Com a estabilização da pandemia, houve retorno ao tratamento por terapia celular no Estado de Salvador-Bahia, contemplando os pacientes portadores de osteonecrose, como também o retorno das visitas domiciliares pela equipe de enfermagem e serviço social”, destacou Dra. Saide Sarmente, coordenadora do Ambulatório que lembrou também da parceria com o Hospital da Aeronáutica para realização do Exame Doppler Transcraniano para os pacientes portadores de doença falciforme.

De acordo com a Coordenadoria de Laboratórios, mais de um milhão e cem de exames foram realizados no Hemopa.Foram 1.049.474 exames em amostras de doadores de sangue, 106.833 exames em amostras de pacientes do ambulatório e 4.106 exames preparatórios para a realização de transplantes de medula óssea e rim.

O atendimento transfusional é realizado ininterruptamente, em todo o Pará. Dos pedidos da rede hospitalar e agências transfusionais, o Hemopa atender mais de 80%, com a distribuição de 61.054 bolsas de hemocomponentes.

Em outubro deste ano, a Fundação conquistou o reconhecimento nacional e internacional de excelência de gestão pelos serviços prestados à sociedade, capacitação de profissionais e com a utilização de tecnologia de ponta para execução dos procedimentos envolvendo o ciclo do sangue.   

A Reacreditação é concedida pela Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (ABHH) e pela norte-americana American Association of Blood Banks (AABB). Como a Fundação Hemopa, apenas 4 outros hemocentros no Brasil possuem esta certificação.

Medula Óssea – O Hemopa é referência no atendimento, cadastro, coleta, e exames para o Registro Nacional de Doadores de Medula óssea (Redome), que fica no Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, e pertence ao Ministério da Saúde.

O Redome é o terceiro maior banco de medula óssea do mundo e o maior banco com financiamento exclusivamente público. Reúne todos os dados dos voluntários e atua articulado aos cadastros do mundo todo. Ou seja, a busca por doadores para pacientes brasileiros é realizada simultaneamente no Brasil e no exterior. Os bancos internacionais também podem encontrar candidatos brasileiros. A doação é feita no local do transplantes e todas as despesas pagas pelas agências de saúde.

Doar salva vidas!

Este ano, o Ministério da Saúde fez alterações quanto ao sistema do Redome. As portarias GAB/SAES números 684 e 685, de 16 de junho de 2021, apresentam melhorias quanto ao tempo de exames e monitoramento do transplante.

“Antes, o cadastro do candidato a doador de medula era feito em três fases até a realização do transplante de medula óssea. Agora, o procedimento é feito em fase única, mais um exame confirmatório, com a mais avançada tecnologia disponível no mercado, possibilitando fazer uma melhor compatibilidade com maior qualidade e encurtar o tempo de busca por um doador”, explicou Patrícia Jeanne, gestora do Laboratório de Imunogenética. Ela disse ainda que o novo procedimento possibilita a realização de um exame que identifica e monitora anticorpos anti HLA pré-formados em pacientes em fases pré e pós transplante, o painel de anticorpos reativos (PRA). Este procedimento ajuda a identificar possíveis episódios de rejeição ao transplante e a indicar o grau de dificuldade de se encontrar um doador compatível.

Atualmente, o Pará apresenta 118.948 pessoas cadastradas como voluntárias no Redome. Desses, 314 pacientes estão na fila paraense a espera de uma compatibilidade não aparentada, segundo o Rereme – Registro Nacional de Receptores de Medula óssea.