Com a chegada do novo ano, uma rotina ainda precisa voltar à normalidade: a doação de sangue. A Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa) faz um alerta quanto à baixa no estoque de sangue. O ideal era que, todos os dias, fossem coletadas 300 bolsas de sangue no Hemocentro Coordenador; no mês de dezembro a média foi de 120 unidades/dia e, ontem, dia 2 de janeiro, foram coletadas somente 80 bolsas.
Segundo a gerente de Captação de Doadores, Juciara Farias, devido ao reduzido estoque, a Fundação já está priorizando atendimento, dando preferência aos mais urgentes. “O grande problema é que a demanda deve aumentar nos próximos dias. O número de cirurgias eletivas reduziu no final do ano por conta das festas, mas agora em janeiro tudo volta ao normal”.
O alerta é que os voluntários retomem a rotina da doação para que a instituição possa atender de forma satisfatória à população que precisa de transfusão. “Estamos passando por um momento delicado, mas isso pode mudar se as pessoas se colocarem numa posição solidária e virem doar sangue. Além da sede do Hemopa, temos duas Unidades de Coleta e também nossa Unidade Móvel que está até sexta está na Presidente Vargas, tudo para facilitar o acesso do doador”, ressalta Juciara.
Neste momento, a grande preocupação tem sido com a falta de plaquetas, células do sangue responsáveis pela coagulação e muito utilizadas por pacientes em tratamento contra cânceres e coagulopatias em geral. Por isso, a Captação de Doadores do Hemopa está entrando em contato com voluntários para realização de doação por aférese, método que exige uma colaboração maior do doador, já que a duração da doação é de aproximadamente uma hora.
O procedimento consiste na retirada apenas das plaquetas. O doador é conectado a uma máquina e, por meio de um cateter, o sangue passa por centrifugação. A máquina separa o sangue do doador e retira somente as plaquetas, devolvendo as outras células. “Para ser um doador por aférese são necessários critérios bem mais rigorosos do que o doador convencional, como fazer doações de sangue constantemente e ter veia bem calibrosa. Quando identificamos voluntários com esse perfil, conversamos com ele e explicamos como funciona a coleta. Sempre que precisamos, entramos em contato com ele”, explica Juciara.
O porteiro Franciney Moraes foi acionado e imediatamente se dirigiu ao hemocentro. Ele doa sangue assiduamente há cerca de um ano, quando uma conhecida precisou de transfusão. “Tem tanta gente que precisa. Sangue é vida, não custa nada eu gastar um pouco do meu tempo doando sangue. Faço pelos outro o que gostaria que fizessem por mim”.
Morador do município de Muaná, Natalino Calandrini vive uma eterna angústia. O filho mais velho, Isaac Calandrini, de 10 anos, é portador da aplasia medular, doença caracterizada pela alteração no funcionamento da medula óssea, e constantemente precisa de plaquetas. “É muito ruim saber que quem a gente ama precisa de uma coisa que não tem. Passei a ser doador por causa dele”. Natalino também faz doação por aférese e suas plaquetas são destinadas ao próprio filho.
Para ser um candidato à doação de sangue, é preciso ter entre 16 e 69 anos (menores devem estar acompanhados do responsável legal), ter mais de 50 kg, estar bem de saúde e portar documento de identificação oficial, original e com foto.
Campanha externa: Até sexta-feira, dia 4, a Unidade Móvel do Hemopa vai estar na Avenida Presidente Vargas, em frente ao Banco do Brasil, de 8h às 13h. No dia 8, a campanha será no Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de 8h às 16h. E nos dias 9 e 10, a Unidade estará em frente ao Hospital Ophir Loyola, também de 8h às 16h.
As doações de sangue também podem ser feitas no Hemocentro Coordenador e na Estação de Coleta Castanheira, de segunda a sexta-feira, de 7h30 às 18h30, e aos sábado, de 7h30 às 17h. Há ainda a Estação de Coleta Pátio Belém que funciona de segunda a sexta-feira de 10h às 17h. E na última semana de cada mês, a Unidade Móvel está na Estação Cidadania de Icoaraci, de 8h às 13h.