Castanhal é o segundo município paraense a receber o Curso Multiprofissional em Coagulopatias Hereditárias, com a programação iniciando nesta quinta-feira, dia 13, e seguindo até sexta-feira, no auditório da Universidade Estácio Castanhal. Promovido pela Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa), em convênio com o Ministério da Saúde, a iniciativa visa capacitar profissionais da área da saúde para o atendimento de portadores de doenças hemorrágicas, visando a melhoria da saúde e da qualidade de vida desses pacientes. Em novembro, a capacitação já foi realizada em Belém e em 2019 irá para Santarém e Marabá.
A gestora do Hemocentro Regional de Castanhal, a médica hematologista Sandra Lobato, explica que o curso vem para melhorar a assistência de quem tem patologias hemorrágicas. “O acompanhamento multidisciplinar é fundamental para os pacientes com coagulopatias. E é necessário que esse atendimento não seja feito apenas no Hemopa; é preciso que ele ocorra também na rede básica de saúde, o que muitas vezes não acontece”.
Segundo a gestora, o principal motivo é, exatamente, o desconhecimento dos profissionais da saúde em lidar com tais pacientes. “A partir do momento que a gente conhece essas doenças e passa identificar os principais problemas dos seus portadores, podemos dar uma assistência melhor e, assim, melhorar o dia a dia deles. O curso promove exatamente a disseminação de conhecimento”.
A enfermeira Keila Martins trabalha na Secretaria de Municipal de Saúde e já fez o atendimento de um caso que, na época, não soube como lidar. “Era uma bebê de três meses que apresentava calos nas extremidades, o que é muito incomum para a idade. Agora sei que é um dos sintomas de coagulopatias hereditárias e poderia fazer um melhor encaminhamento para a família. Tô achando o curso maravilhoso”.
Também enfermeira, Sirlene Tavares atua na Estratégia Saúde da Família (ESF) Eládio de Moura Melo. Para ela, o curso tem sido esclarecedor. “Na nossa unidade acontecem casos de sangramentos prolongados durante procedimentos odontológicos. Já tinha feito um curso sobre o assunto, por isso conheço o procedimento correto de investigação e é muito importante estar sempre nos aprofundando no assunto para estar atendo aos sintomas das coagulopatias”.
Coagulopatias: A coordenadora de Atendimento Ambulatorial da Fundação Hemopa, a médica hematologista Saide Maria Sarmento Trindade, explica que as coagulopatias são transtornos na coagulação do sangue. “Quando há um corte na pele, precisamos de uma sequência de fatores para que aconteça a coagulação do sangue. A ausência ou diminuição de um desses fatores faz com que a coagulação não ocorra o que leva a hemorragias. A mais comum é a hemofilia”.
A médica ressalta que, atualmente, pessoas com coagulopatias têm grande dificuldade de diagnóstico precoce. “O que queremos é a disseminação do conhecimento. Queremos levar informação das doenças hemorrágicas para que haja diagnóstico adequado e tratamento o mais rápido possível. Aqui no estado, a ocorrência dessas doenças ainda é subnotificada exatamente pela falta de diagnóstico”, conta Saide.
Para reverter tal cenário, no primeiro dia de curso foram abordados temas como os aspectos gerais da hemofilia e os avanços na sua terapia, como proceder quando há um sangramento, quando suspeitar da doença de Von Willebrand e a importância do laboratório no diagnóstico das coagulopatias. Na quinta-feira, será discutido a profilaxia, artropatia e o cuidado da enfermagem na hemofilia e a atuação da fisioterapia, odontologia, psicologia e serviço social no acompanhamento das coaguloparias. As palestras são ministradas por quase 20 profissionais experientes na área do sangue.
Serviço: O Curso Multiprofissional em Coagulopatias Hereditárias é realizado, em convênio com o Ministério da Saúde, nesta quinta e sexta-feira, dias 13 e 14, no auditório da Universidade Estácio Castanhal. O público-alvo são profissionais da área da saúde.