Por Dayane Baía – Secom
O Fevereiro Laranja é o mês de conscientização sobre a prevenção precoce e o tratamento de leucemias. Um dos aliados no combate à doença é o transplante de medula óssea, um procedimento simples, mas que exige compatibilidade entre doador e pacientes. Para fazer a análise genética é preciso se cadastrar no Registro de Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome).
Desde 2003, a Fundação Hemopa é responsável por fazer o cadastro no estado e hoje conta com quase 130 mil pessoas, o que indica representatividade, considerando a miscigenação no banco de dados. De acordo com Juciara Farias, gerente de Captação de Doadores do Hemopa, pessoas entre 18 e 35 anos de podem se registrar e as informações são guardadas até os 60 anos.
“Fazemos um apelo para os candidatos estarem com os dados atualizados. Tão importante quanto a vontade de se cadastrar é encontrar o candidato quando há compatibilidade. O cadastro é a formalização de que há intenção de se tornar doador, o que ocorre quando a pessoa for compatível com algum paciente e então aceitar fazer a doação”, informa Juciara.
Os candidatos não podem ter histórico de HIV, câncer e doenças infectocontagiosas. Após o cadastro, é feita a coleta de uma amostra de 5ml de sangue e a partir disso já se pode considerar dentro do registro nacional, que tem rede com outros cadastros internacionais.
A gerente reforça ainda que, além do cadastro de medula óssea, os pacientes de leucemias necessitam de bolsas de sangue. “A doação de sangue é um reforço para o tratamento e por isso precisamos de doadores. Em períodos como esse que estamos vivendo, alguns fatores têm contribuído de maneira negativa, como a nova onda de Covid, doadores em estado gripal e até mesmo a chuva inviabiliza o deslocamento dos doadores. Todos os dias temos pacientes que dependem de voluntários de doação”, salientou Juciara.
Pacientes pediátricos
No Pará, o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (HOIOL) oferece tratamento para pacientes infanto-juvenis com leucemia e tumores sólidos. Eles são alguns dos possíveis beneficiados com o transplante de doação de medula.
De acordo com a médica pediatra e oncologista Cylia Serique, os transplantes são um segundo passo no combate às doenças. “A indicação é para paciente que não teve resposta adequada ao tratamento quimioterápico de primeira linha, ou terminou e apresentou a recidiva da doença. Quando vemos que vai precisar do transplante de medula, ele passa por exames e coleta de familiares e achando o doador encaminha para o centro transplantador em várias partes do Brasil”, explica a Cylia, que também atua como médica transplantadora.
Nem sempre há doador compatível na família e o banco nacional é o recurso para encontrar outros perfis. O transplante alogênico é aquele em que a doação é feita por familiares ou pessoas externas. Mas também é possível o paciente receber a medula dele mesmo após quimioterapia, o chamado transplante autólogo.
Dentro da população pediátrica de pacientes o Pará, o HOIOL acompanha 20 pacientes em lista de espera por transplantes, dos quais 8 são da modalidade autóloga. Outros 10 pacientes não-oncológicos também aguardam transplantes e necessitam de doadores compatíveis.
Em acompanhamento na unidade estão nove pacientes que já passaram por transplante de medula óssea, sendo que seis receberam há mais de um ano e três há menos de 6 meses. A corrida para encontrar um doador compatível é intensa e o procedimento é realizado fora do estado. “A doação ocorre como uma coleta de sangue em uma maca ou como coleta da medula por agulha. Não se coloca o doador em risco, quando há alguma alteração nos exames durante a triagem, o processo é interrompido”, acrescenta a médica.