Hemopa apresenta protocolo internacional de Gerenciamento de Sangue do Paciente

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Técnica Patient Blood Management (PBM, na sigla em inglês) foi apresentada pela Fundação Hemopa nesta sexta-feira (11), em Belém

Com mais de cinco mil atendimentos a pacientes diagnosticados com algum tipo de anemia no Pará, anualmente, o Estado vem somando esforços para tratamentos especializados para casos como esses. A técnica de gerenciamento do sangue do paciente ou Patient Blood Management (PBM, na sigla em inglês) foi apresentada pela Fundação Hemopa. O evento oficial de lançamento do programa foi realizado nesta sexta-feira (11), no auditório do Hemopa, com palestra para “Implementação do Programa PBM no Brasil: desafios e benefícios” com Susankerle Alves, especialista em implementação do PBM nos Estados Unidos e faz parte das comemorações dos 45 anos da Fundação Hemopa, celebrados em agosto.

Estiveram presentes o secretário de Estado de Saúde do Pará, Rômulo Rodovalho, e representantes da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, Hospital Ophir Loyola, Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, Hospital Jean Bitar, Hospital de Cínicas Gaspar Viana, Hospital Metropolitano e Hospital Galileu.

O PBM começou a ser estudado há mais de dez anos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), baseado nos relatos da experiência do grupo australiano do oeste da Austrália. De acordo com a Organização, é um método centrado no manejo e fortalecimento do sangue do próprio paciente e baseado em evidências, que tem por objetivo melhorar os resultados clínicos dos pacientes, promovendo segurança e qualidade dos tratamentos, incluindo os maternos, pré-natais, infantis e programas de suplementação nutricional.

O presidente da Fundação Hemopa, Paulo Bezerra, avalia a iniciativa como prioritária na agenda da saúde, que apresenta soluções para problemas globais de anemia, coagulopatias e perda de sangue. “É uma mudança de paradigma na estratégia do cuidado em saúde, especialmente na região amazônica e o Hemopa enxergou isso há algum tempo e está fazendo a implantação dessa ferramenta dentro da política pública de hematologia e hemoterapia, que vai trazer ao Estado do Pará, essas oportunidades de inovação, somando não só o uso racional do sangue, mas também manejando o gerenciamento do sangue desse paciente, orientando e educando equipes multidisciplinares e multiprofissionais, treinando e ensinando que existem alternativas que devem ser aplicadas lá na ponta, no atendimento do paciente”, ressaltou.

Para Rômulo Rodovalho, a iniciativa traz um importante salto nos tratamentos de saúde pública no Pará. “Estamos sempre dialogando, buscando a melhoria no atendimento e na prestação do serviço de saúde desse Estado e esse projeto será de extrema relevância para a população”, reforçou o secretário.

Os benefícios e resultados são expressivos e iniciam com uma abordagem multidisciplinar, envolvendo pacientes, autoridades de saúde, hospitais, profissionais de saúde, convênios de saúde, para garantir um tratamento completo aplicado em pacientes clínicos e cirúrgicos, mulheres em idade reprodutiva, recém-nascidos, crianças, adolescentes e idosos.

Susankerle Alves, especialista em implementação do PBM nos Estados Unidos, destacou como fundamental o engajamento e adesão do programa no Brasil, especialmente no Pará. “É realmente uma iniciativa que traz um grande avanço para os cuidados centrados no paciente. Considero essenciais as parcerias com as instituições de saúde no ensino aos profissionais e pacientes sobre o PBM, a realização de campanhas nacionais no combate à anemia e deficiência de ferro e micronutrientes, em especial para as populações mais vulneráveis, além de ampla divulgação do PBM em canais de comunicação. Outro ponto é a promoção de mais palestras e desenvolvimento de protocolos de PBM”, detalhou a profissional.

Os impactos positivos principais são a melhoria da qualidade de vida, do desempenho e desenvolvimento cognitivo, redução da morbidade e mortalidade materna e infantil, da produtividade no trabalho, da melhoria do acesso aos tratamentos de saúde pela redução no tempo de permanência de internação no hospital e Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e redução de custos adicionais para o sistema de saúde, o que contribui para otimização dos recursos para a cobertura universal da saúde.

O PBM pode reduzir também a dependência de transfusões de sangue por proporcionar uma melhor resposta, por exemplo, a pandemias que incluem demanda nos bancos de sangue, hemocentros e de doadores para garantir a reserva de sangue, componentes e hemoderivados.

“A anemia tem várias causas e a mais frequente é a deficiência de ferro na população. Então,  ao tratarmos esses pacientes de uma forma adequada com o diagnóstico correto da deficiência de ferro, de deficiência de B12 e de ácido fólico que também são outras deficiências que podem acontecer na população, nós teremos um desfecho muito melhor do tratamento do paciente”, conclui a coordenadora do projeto pela Fundação Hemopa, a médica hematologista Selma Soriano.