Hospital Ophir Loyola realiza, a cada mês, de 600 a 900 transfusões em pacientes.
Durante o ano de 2021, o Hospital Ophir Loyola, que é o Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) do Pará, registrou 4.500 internações e mais de 2.800 cirurgias de médio e grande porte. A transfusão de sangue salvou uma parcela considerável de pacientes que contaram com um gesto voluntário e generoso de desconhecidos para dar seguimento ao tratamento e estabilizar a situação clínica.
HOLA cada mês, são realizadas de 600 a 900 transfusões no hospital. E, em alguns meses, esse quantitativo chegou a mil procedimentos. A necessidade por sangue e hemocomponentes, tais como hemácias, plaquetas e plasma é contínua porque são elementos decisivos para a recuperação dos enfermos. Indispensável à vida, o sangue não pode ser comprado ou produzido. A disponibilidade depende exclusivamente de terceiros, principalmente em se tratando dos pacientes onco-hematológicos, que perdem a capacidade de produzir o próprio sangue.
Lívia Ramalho é hematologista e responsável técnica pela Agência Transfusional do Hospital Ophir Loyola. Ela explica que “a maioria dos pacientes, devido ao tratamento quimioterápico e da intervenção cirúrgica, tem a necessidade transfusional aumentada em comparação a pacientes de qualquer outro hospital do Pará”.
Demanda
A administradora Alaise Ferreira, 28 anos, está internada para o tratamento da Leucemia Linfoide Aguda (LLA). Esse câncer tem como causa um linfócito (tipo de célula responsável pela defesa do organismo) que sofre mutação na medula óssea por algum erro no DNA. “ Eu senti um linfonodo e um pouco de cansaço, depois surgiram manchas roxas no rosto e nas costas. O diagnóstico foi inesperado, então trouxe uma repercussão muito grande na família, afetou bastante a minha vida. Sou concurseira e tive de abrir mão dos estudos de uma forma repentina”, conta.
A administradora Alaise Ferreira é uma das pacientes em tratamento que necessita da doação de aangue. Ela se internou no último dia 03, será submetida à quimioterapia e, em breve, vai precisar de transfusão. “Sangue é vida, aconselho as pessoas a doarem, o gesto vai ajudar não só a mim, mas as pessoas que estão no hospital. É algo simples, basta estar saudável e ter boa vontade. É um gesto de amor ao próximo, estamos aqui para ajudar uns aos outros”, apela.
Segundo a especialista Lívia Ramalho, os pacientes que têm doenças da medula óssea requerem uma atenção redobrada. Isso ocorre porque as principais drogas utilizadas no tratamento das neoplasias hematológicas geram aplasia medular em que há suspensão da produção das células sanguíneas. “Essa aplasia é sustentada por 14 a 21 dias, gerando a necessidade de transfusão tanto de hemácias quanto de plaquetas, sendo o paciente hematológico o nosso maior consumidor”, informa.
O plasma também é utilizado, mas somente quando ocorre um distúrbio de coagulação ocasionado por insuficiência hepática, pela utilização de medicamentos ou por algumas patologias que alteram a coagulação do sangue.
A população, na sua maioria, tem ascendência indígena, e em razão disso, a necessidade maior é pelo sangue tipo O +, seguido do tipo A +, porém, todos os tipos sanguíneos são necessários, esclarece a hematologista. “Quando um doador realiza a doação no Hemopa, não é só hemácias que utilizamos, mas também as plaquetas que podem ser utilizadas para qualquer paciente, independente do grupo sanguíneo, tendo segurança e sem aumento de risco para esse paciente”, afirmou Lívia Ramalho
As plaquetas são solicitadas quase diariamente devido à necessidade e não há como formar estoque porque é extremamente perecível. A validade é de cinco dias e as solicitações são atendidas a partir da solicitação pelo médico.
Agência Transfusional recebe a requisição de sangue ou hemocomponente, coleta a amostra do receptor e realiza os exames pré-transfusionais. “Os exames identificam se o paciente apresenta alguma situação que possa gerar a produção de anticorpos que reagem contra as hemácias. Também é necessário compatibilizar o sangue do paciente com o do doador para saber a existência de risco à saúde do receptor. Caso não haja inconformidades, o componente é liberado para ser transfundido”, explica a hematologista.
Doação
Para doar sangue, os interessados precisam seguir os critérios básicos: ter entre 16 e 69 anos (menores de idade devem estar acompanhados do responsável legal); pesar mais de 50 kg; estar em boas condições de saúde. O código do Hospital Ophir Loyola é 161.
No momento do cadastro é obrigatório apresentar um documento de identificação oficial, original e com foto (RG, CNH, passaporte ou carteira de trabalho).
Quem teve Covid-19 também pode voltar a doar, só precisa esperar 30 dias após a cura. Quem teve contato com pessoas que tiveram a doença deve esperar 14 dias após o último contato. Para quem recebeu a vacina Coronavac/Butantã, são 48 horas de inaptidão para doação, após cada dose. Já as demais vacinas é necessário esperar sete dias após cada dose.
Mais informações pelo telefone: 0800 2808118.
Por Leila Cruz (HOL)