Desde o mês de maio, o Governo do Estado e a Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa), iniciaram os estudos sobre o uso do plasma convalescente de pacientes recuperados do novo Coronavírus (Covid-19). Até então, 47 pacientes receberam a transfusão de plasma como tratamento alternativo, dos quais 60,6% evoluíram para alta hospitalar.
Entre eles, Anderson Freire Silva, 38 anos, que chegou ao Hospital de Campanha do Hangar, em Belém, transferido do Hospital de Pacajá, Sudeste do Pará, no dia 15 de julho. O quadro era clássico do novo Coronavírus (Covid-19): febre, tosse, mal estar e dificuldade de respirar. O pulmão já estava 50% comprometido e como ele é do grupo de risco, obeso e hipertenso, foi colocado imediatamente no oxigênio por cateter nasal.
A equipe médica, coordenada pelo médico intensivista, Lucas Rodrigo Oliveira Viana, decidiu administrar a transfusão de plasma de convalescente como terapia alternativa contra a Covid-19, disponibilizado pela Fundação Hemopa aos pacientes internados na rede hospitalar do estado. O resultado foi surpreendente.
“Após 48 horas de transfusão do plasma, já conseguimos observar uma melhora clínica significativa do Anderson, saindo do estado de unidade de terapia intensiva para enfermaria, sem a necessidade de depender de oxigênio. Além disso, outros pacientes já apresentaram melhora, após receber o plasma, em relação ao padrão da lesão pulmonar em 50%”, destacou o coordenador do Hospital de Campanha do Hangar.
“Eu não queria receber o plasma. Eu estava com medo. Mas a equipe médica conversou e me explicou os benefícios. E graças a Deus hoje estou aqui, bem de saúde”, disse Anderson, que já voltou pra Pacajá e está recebendo o carinho da família.
Diretamente envolvido na pesquisa, desde o acompanhamento na elaboração do projeto até a distribuição do plasma para rede hospitalar, o presidente da Fundação Hemopa, não mediu esforços, junto com diretoria Técnica e a equipe de Pesquisa , para utilizar a técnica do Plasma em pacientes com Covid-19. “É uma vitória da vida celebrada pela busca de conhecimento e compromisso com a saúde pública de nosso estado”.
Além do Hospital de Campanha do Hangar, o plasma também já foi utilizado nos Hospitais da Santa Casa de Misericórdia, Barros Barreto, Ophir Loyola, Abelardo Santos, Hospital Materno Infantil de Barcarena, Regionais de Santarém e Marabá, Hospital do Coração e até para o estado de São Paulo.
De acordo com a gerente de Hematologia Clínica do Hemopa, Cátia Valente, os estudos apontaram que o plasma de convalescente resulta na melhora do quadro clínico e laboratorial do paciente.
“A partir da observação dos pacientes que receberam o plasma de convalescente, podemos dizer que eles apresentaram melhora no quadro clínico e laboratorial. E também observamos que quanto mais cedo fizermos o uso da transfusão de plasma nos pacientes, enquanto estão em fase de cascata inflamatória, a possibilidade de melhora aumenta”, destacou a médica.