Descobrir ser portador de uma doença rara ou crônica não é nada fácil. E no processo de compreensão da enfermidade, ter apoio especializado faz toda a diferença. A Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa) é referência estadual no diagnóstico e tratamento das patologias ligadas ao sangue, como a doença falciforme, a hemofilia e a aplasia medular. E, cada vez mais, tem fortalecido mecanismos de suporte aos seus usuários.
Um deles é a consulta de enfermagem, um processo permanente de apoio. “A consulta de enfermagem é um complemento à consulta médica. Nela fazemos todo o acompanhamento do paciente, desde a sua chegada. Tudo para que ele tenha uma adesão mais efetiva ao tratamento”, explica a gerente de enfermagem da Fundação Hemopa, Giseli Cardoso.
Somente no Hemocentro Coordenador, em Belém, 15 mil pessoas recebem atendimento multidisciplinar, com equipe médica, de enfermagem, de odontologia, serviço social, psicologia, fisioterapia e pedagogia. Para iniciar tratamento no Hemopa, é necessário seguir um fluxo. Primeiro esse paciente é atendido na Unidade Básica de Saúde (UBS) de seu bairro e, quando há uma suspeita de doença hematológica, o médico deve solicitar o agendamento de consulta no Hemopa, o que é feito via Departamento de Regulação (DERE)
Há ainda outra forma de acesso, pelo Centro de Referência de Triagem Neo Natal (RSTN) que ocorre quando é detectada a doença falciforme por meio do teste do pezinho nos recém-nascidos. Além de Belém, o Hemopa tem unidades para atendimento dos pacientes hematológicos em Castanhal, Marabá e Santarém.
Assim que chega à Fundação, o usuário é recebido na consulta de enfermagem. “Quando nós recebemos um usuário, nós o acolhemos para que ele se sinta protegido, amparado por uma equipe multiprofissional. Uma equipe que já conhece os seus problemas e que estuda para cada vez mais aprimorar seu conhecimento”, conta enfermeira Rosilene Freitas.
Nesse primeiro contato, as enfermeiras orientam e informam sobre a doença que o usuário possui, ressaltando a necessidade da continuidade do tratamento. No Hemopa, as consultas médicas e odontológicas são sempre agendadas, mas as consultas de enfermagem e de psicologia e os atendimentos do serviço social e da farmácia são realizados sempre que o paciente tem necessidade.
Rosilene ressalta ainda que “nosso trabalho é para que o paciente nunca se sinta desamparado. As doenças hematológicas são crônicas e para uma família é muito difícil receber essa notícia. Normalmente, eles chegam aqui desesperados e passam por um momento de luto. Então nós mostramos que eles não estão sozinhos, que aqui eles terão todo o acompanhamento de uma equipe especializada”.
Castanhal: Esse trabalho complementar à consulta médica faz toda a diferença na adesão ao tratamento dos pacientes hematológicos. Por isso, a partir deste mês de março, a Fundação Hemopa implantou o serviço de consulta de enfermagem também no Hemocentro Regional de Castanhal (HRC).
No HRC são atendidos 30 pacientes hematológicos que moram na região nordeste do estado. Para a gestora do hemocentro, Sandra Lobato, “a consulta de enfermagem permite avaliar o estado de saúde do individuo durante o ciclo vital e tem cunho educativo, no ponto de vista de preparar o usuário e a família para o autocuidado, proporcionando uma independência na promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde”.